"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso." Assim se inicia uma das obras mais marcantes e inesquecíveis da literatura mundial escrita pelo escritor austro-húngaro Franz Kafka em 20 dias no ano de 1912.
Apesar de ter sido escrito com tamanha ligeireza e não ter tantas páginas como outros livros clássicos, sua trama é referenciada em diversas obras e sua narrativa, conhecida de muitos que conheceram a história da obra.
Aparentemente um livro comum, Metamorfose, é uma dessas grandes obras que se encontra quase que do nada. Lembro de ouvir muitas vezes o título desse livro, bem como o nome do próprio autor, embora desconhecesse qualquer aspecto destes escritos que não estivessem na capa ou contracapa.
Depois de ler, entrei na guilda dos que têm Metamorfose como um livro-referência. Todos os sofrimentos de Gregor Samsa, sua importância para o sustento da família e o desgosto que sentia com seu emprego como caixeiro-viajante fazem-nos repensar a nossa vida e os nossos atos.
Cada personagem tem a sua importância para a história e representa um pouco das nossas atitudes no cotidiano. A forma como deixamos de lado pessoas que nos magoam, a necessidade de trabalharmos em coisas que detestamos por dinheiro, sem nos importarmos com aquilo que nos realiza. São temas que tocam a vida de muitos, e que só a ficção pode traduzir.
O cuidado de sua irmã Grete (ou Greta, dependendo da tradução) se transformando em ódio após um fatídico episódio e o alívio dos seus pais quando Gregor sucumbe também sacodem qualquer leitor incauto que possa imaginar que Kafka é apenas mais um:
"Bem - disse o senhor Samsa -, agora podemos agradecer a Deus. - Ele fez o sinal da cruz, e as três mulheres seguiram seu exemplo. Grete, que não tirava os olhos do cadáver, disse: Vejam só como estava esquálido."
Por isso, a leitura de Metamorfose de Franz Kafka é densa e pesada, mas é fundamental para compreender aspectos da existência humana que não são traduzidos por qualquer livro.
“Gosto não se discute”, dizem. Mas, nos dias atuais, em que a música tem sido vulgarizada e a produção de conteúdo de gosto cada vez mais duvidoso é profusa e alcança milhões de pessoas, nos cabe a reflexão: o que faz uma música ser boa? Talvez a beleza da composição, a letra bem escrita ou mesmo a poesia e a sonoridade das palavras. Quem sabe seja pela voz do intérprete, pela habilidade dos instrumentistas, ou ainda por algum fator desconhecido aos nossos ouvidos e que só pode ser sentido: a experiência.
Mas é inegável que sempre houve a produção de obras bastante questionáveis – e até desagradáveis – que não duraram mais do que a moda de uma geração, enquanto outras perduram por décadas ou séculos e seguem marcando época, independente das modas que vêm e vão. É essencial que pelo menos possamos nos questionar o que nos toca e como essa música influencia na nossa vida e até mesmo nos nossos sentimentos, tema que é objeto de estudo há muito tempo.
Agora, convenhamos: números não são garantia de qualidade, show lotado não é sinônimo de sucesso, e discos vendidos – ainda se vende esses biscoitos com furos no meio? – não podem ser garantia de um hit. Só o tempo prova o sucesso, e além disso, a capacidade que a música tem de nos influenciar. Mas de novo voltamos à experiência, tão essencial e que é capaz de criar marcas na nossa memória afetiva que jamais podem ser apagadas.
Quantas músicas marcaram momentos de felicidade, alegria ou até mesmo tristeza, e fazem parte da trilha sonora da nossa vida? Umas fizeram mais sucesso, outras menos, mas com certeza, você possui uma lista de canções que são marcantes e que você poderia passar meses escutando – se for como eu.
É certo que nossos gostos são particulares e intransferíveis, ou seja, são só nossos, mas a boa música nos marca, não é moda, nem pode ser datada, por mais que o seu ritmo seja próprio de uma época. Afinal, até os dias de hoje Sweet Dreams do Eurythmics ainda é um sucesso, e ressuscitou como meme, Evidências segue sendo um hino para muitos brasileiros que sofrem com a saudade da sua terra, e a abertura da Ópera O Guarani, de Carlos Gomes ainda é a abertura da Voz do Brasil.
Como diz o chef Erick Jacquin: “Quando é bom, não tem melhor”.
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