Desejos passam.
Eles chegam como vento quente, bagunçam o cabelo, arrepiam a pele…
mas vão embora na mesma velocidade com que chegaram.
Desejo é centelha: acende, ilumina por um instante, depois vira brasa fria.
Intenção não.
Intenção é raiz.
Intenção é aquilo que você coloca debaixo da vida para sustentá-la.
É escolha consciente, é direção, é propósito que não depende do humor do dia.
O desejo te visita,
a intenção te habita.
O desejo confunde,
a intenção esclarece.
O desejo te empurra para o agora,
a intenção te prepara para o sempre.
E no fim, é ela — a intenção — que molda os encontros verdadeiros, os projetos que vingam, as relações que permanecem.
Quem vive apenas de desejo vive colecionando começos.
Quem vive de intenção constrói continuidade.
Porque no amor, no trabalho, na vida,
não é o que brilha que sustenta,
é o que permanece.
Seduzir é uma arte.
Há quem já nasça com esse dom brilhando na pele,
com um gesto que desarma,
com um olhar que atravessa a sala como se carregasse um segredo.
Outros aprendem — e não há vergonha nisso.
A sedução, diferente do que muitos pensam,
não é só privilégio dos naturalmente insinuantes.
É um jogo, um estudo, uma dança que se aprende com a vida.
É observação, é timing, é presença.
É saber entrar e saber sair.
É dizer tudo sem abrir a boca.
Van Gogh dizia que os olhos são janelas da alma.
Talvez seja por isso que a sedução quase sempre começa ali,
no primeiro segundo em que dois olhares se encontram
e silenciosamente perguntam: “Você também sentiu?”
Algumas pessoas são a própria sensualidade:
não fazem força, não ensaiam, não decoram.
Elas apenas são —
e o mundo se curva ao magnetismo natural que carregam.
Outras vão descobrindo caminhos:
imitam, testam, falham, acertam, vivem.
Porque sedução não é sobre perfeição,
é sobre autenticidade.
Seduzir é libertar a criança curiosa que existe dentro de nós,
aquela que brinca com o mistério,
que sorri com o inesperado,
que acha graça no jogo.
É troca, não captura.
É convite, não prisão.
É encanto, não encenação.
No fundo, todos nós sabemos seduzir —
e todos nós desejamos, no mínimo uma vez na vida,
ser seduzidos pela intensidade de um olhar
que nos faça esquecer do mundo
por alguns instantes.
E é aí que mora a verdadeira arte.
O timing do homem e o timing da mulher são dois relógios que nunca foram fabricados na mesma fábrica. Enquanto o dele desperta fácil, quase como um interruptor aceso ao menor sinal de luz, o dela é mais parecido com um nascer do sol: exige tempo, temperatura, clima, paciência e intenção.
Eles dizem que estão prontos para o sexo o tempo todo. E talvez estejam mesmo. O corpo masculino funciona como uma urgência: rápido para reagir, veloz para desejar, simples para acender. Já o corpo feminino… ah, esse é cheio de camadas. Não basta um toque, não basta um corpo nu, não basta boa vontade. A mulher não se excita por impacto: ela se excita por contexto.
Para ela, excitação não é só biologia. É ambiente, é energia, é afeto, é cheiro, é palavra, é respeito. É a soma de tudo que veio antes. É como se, antes do corpo, precisassem tocar na alma. Porque mulher não gosta apenas de sexo: gosta de sentir que é desejada por inteiro, sem pressa, sem atalhos, sem superficialidade.
Por isso o tempo deles parece sempre mais curto, e o delas mais longo. Ele quer agora. Ela quer presença. Ele quer o ato. Ela quer o enredo. Ele acende no corpo. Ela acende no coração, na cabeça, no que disseram durante o dia, no que não disseram, no abraço que ficou mais demorado, no cuidado que passou despercebido, no respeito que se tornou rotina.
No fundo, nenhum dos dois está errado. São só lógicas diferentes pedindo tradução. E quando um homem aprende a falar o idioma do desejo feminino — devagar, constante, atento, inteiro — descobre que o tempo dela não é atraso: é profundidade.
E quando a mulher entende que a urgência masculina não é desrespeito, mas natureza, ela passa a negociar ritmos, não culpas.
O amor é isso: dois relógios que batem diferente tentando encontrar, todos os dias, um minuto em comum.
✍🏼Sibéle Cristina Garcia
Relacionamento saudável não é aquele que vive de cenas de cinema, jantares à luz de velas e promessas eternas. É aquele que desperta o que há de melhor em você.
É o amor que não sufoca, mas inspira. Que não prende, mas acolhe. Que não exige perfeição, mas incentiva o crescimento.
Um relacionamento saudável não te faz esquecer de quem você é — te lembra.
Não te apaga, te acende.
Não compete, soma.
Não cobra o tempo todo, mas te oferece presença.
É parceria, é respeito, é cuidado. É saber que o outro tem dias bons e ruins, e mesmo assim ficar.
É construir juntos, sem medir quem deu mais, porque o amor maduro não é um jogo de poder, é um pacto de evolução.
Amar bem é querer ser melhor — não para o outro, mas com o outro.
E quando isso acontece, o amor deixa de ser um conto de fadas e vira algo muito mais bonito: vida real com propósito.
Ah, a adolescência… esse território de descobertas intensas, emoções à flor da pele e dúvidas que gritam mais alto do que as certezas. É quando o corpo muda, a mente se transforma e, de repente, o mundo se torna um palco onde o amor, o desejo, o medo e a insegurança contracenam ao mesmo tempo.
Falar de sexualidade na adolescência é muito mais do que falar de sexo.
É falar de identidade.
De corpo.
De respeito.
De autoimagem.
É entender que o desejo não é sujo, nem precoce, nem errado. É natural.
Mas que precisa ser acolhido com informação, diálogo e afeto.
Porque não é só o corpo que desperta.
O coração também.
E junto com ele vêm os primeiros encantamentos, os amores platônicos, os namoros escondidos, as paixões intensas e, sim, também os desamores e as decepções.
Os afetos na adolescência são vividos com pressa, com intensidade, com tudo ou nada.
E é exatamente por isso que precisam de atenção.
Adolescente não precisa de julgamento.
Precisa de escuta.
A sexualidade, quando silenciada, vira terreno fértil pra medo, culpa e vergonha.
Mas quando é conversada com verdade, vira fonte de autonomia, de escolhas conscientes e de vínculos mais saudáveis.
Precisamos ensinar os adolescentes a dizerem sim — mas, principalmente, a dizerem não.
A se conhecerem antes de se entregarem.
A não confundirem afeto com carência, nem desejo com obrigação.
A entenderem que o outro tem limites e que eles também têm os seus.
Sexualidade e afetos andam de mãos dadas.
E se não forem tratados com cuidado, podem machucar.
Mas quando são acompanhados de acolhimento e orientação, tornam-se caminhos lindos de crescimento.
Então, aos pais, educadores, responsáveis e adultos em volta:
Conversem. Escutem. Perguntem.
Criem pontes — não muros.
E lembrem: adolescente bem informado é adolescente mais seguro.
O amor começa em casa

Sexóloga
Sexóloga, especialista em relacionamentos, professora de artes sensuais, ativista no combate à violência doméstica, colunista social e comunicadora de tv e rádio.