A principal autora do estudo foi a bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, de Tubarão, que alerta para os riscos.
Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) confirmou a ocorrência do mosquito Haemagogus leucocelaenus, vetor da febre amarela silvestre, em áreas de mata de cinco municípios da Amurel - Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes. É o primeiro registro oficial da presença dessa espécie no Estado.
A principal autora do estudo foi a bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, de Tubarão, doutora em Biologia Celular e Desenvolvimento pela Ufsc. Para ela, a confirmação da existência do mosquito Haemagogus leucocelaenus em Santa Catarina é um importante alerta de saúde pública.
“É uma bomba relógio. No estado, já estamos vivendo uma situação grave em relação ao Aedes aegypti, com um número de focos muito alto. Se um indivíduo vai para uma área de mata, é picado pelo Haemagogus leucocelaenus, contrai febre amarela e volta doente para o centro urbano, ele pode ser picado pelo Aedes aegypti. Então, as condições de surgimento de um ciclo urbano da doença estão todas aí”, analisa.
Desde 2018, Santa Catarina é área de recomendação para vacinação contra a doença, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A febre amarela é uma doença viral infecciosa grave que pode evoluir rapidamente. No ciclo silvestre, os transmissores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem em áreas de floresta e infectam principalmente os macacos.
Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados no Brasil em 1942. Desde então, todos os casos confirmados decorrem do ciclo silvestre. Em Santa Catarina, de 2019 a 2021, foram 27 casos da doença e oito óbitos em humanos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.