O evento teve por objetivo apresentar e discutir a proposta para a criação do Programa de Culturas Populares e Tradicionais, em âmbito federal, integrado ao Sistema Nacional de Cultura, porém com fundo próprio de financiamento e interministerial.
No último final de semana, José Marcondes, o conhecido Zé do Boi, representou Tubarão, e Santa Catarina, na Conferência Temática das Culturas Populares e Tradicionais, evento que integrou a programação do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
O evento teve por objetivo apresentar e discutir a proposta para a criação do Programa de Culturas Populares e Tradicionais, em âmbito federal, integrado ao Sistema Nacional de Cultura, porém com fundo próprio de financiamento e interministerial.
Foram apresentadas aos participantes, que puderam opinar e debater as ideias, ações estruturantes para o futuro programa, como por exemplo:
– Criação de um grupo de trabalho no Ministério da Cultura para dar início à construção e estruturação do programa;
– Construção do Programa das Culturas Populares e Tradicionais de forma conjunta com outros ministérios, de forma a dialogar e crias linhas de ações em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério da Saúde, o Ministério de Meio Ambiente, o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar;
– Além dos ministérios base da criação do programa, dialogar com outras pastas, como a Justiça, Agricultura e Pecuária, Trabalho e Emprego, Direitos Humanos e Cidadania, Minas e Energia, Pesca e Aquicultura, Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Planejamento, Fazenda e Turismo.
– Articulação com o Poder Legislativo;
– Reconhecimento de linguagens, celebrações, formas expressivas e saberes tradicionais coletivos e comunitários do campo das culturas populares;
– Mapeamento e diagnóstico das culturas populares e tradicionais, a partir do reconhecimento e valorização de mestres, grupos, comunidades e povos, e suas diversas formas, modos de vida e organização, línguas, linguagens, falares, expressões, celebrações, ofícios, artes e artesanatos, sistemas agroalimentares, saberes de cura, cuidado e conhecimentos de plantas e da medicina da natureza;
– Alinhamento do programa ao Sistema Nacional de Cultura, de modo a definir as funções municipais, estaduais e federal, e incluir o levantamento e a compreensão das políticas públicas voltadas à área;
– Acessibilidade ampla por meio de formas de divulgação, cadastramento e inscrição nas ações de maneiras diversas, que garantam a linguagem compreensível, a capilaridade e a equidade, de modo a considerar as realidades socioculturais brasileiras;
– Formação e capacitação ampla em duas vias, tanto por parte dos agentes culturais quanto das ferramentas e linguagens de gestão cultural para quem faz parte do campo das culturais populares e tradicionais;
– Revisão de critérios e regras de acesso aos recursos públicos;
– Garantir que as verbas tenham natureza de fomento, seja nos PPAs ou nas LOAs, independente do ente;
– Interlocução do Programa de Culturas Populares e Tradicionais ao Sistema S.
Foram discutidas ainda pelos agentes culturais de todo o país que participaram da conferência o apoio direto a grupos e indivíduos, apoio à difusão, ao intercâmbio e à circulação e o apoio à pesquisa, à memória e à formação.
ZÉ DO BOI – O nosso José Marcondes, mestre na arte e na cultura do Boi de Mamão, representou a cidade e o estado de Santa Catarina na Conferência. Zé do Boi, como é carinhosamente conhecido, não só na Cidade Azul, mas em todo o estado, é uma das maiores autoridades no tema, por conta de seu zelo e luta para manter viva a tradição que aprendeu ainda com seus pais, baseada nas festividades folclóricas nordestinas.
Zé possui, inclusive, um museu em sua casa, onde existe um rico e precioso acervo que contém fotos, quadros, troféus, estátuas, reportagens e, claro, as alegorias que representam e apresentam o boi de mamão, carro chefe do Grupo Folclórico Beco do Beijo.
A cultura do Boi de Mamão se dá quando, no lugar das cabeças de bois de verdade usadas nos originais, aqui se converteu esta prática para a utilização, de forma improvisada à época, de cabeças confeccionadas em mamões verdes, e daí o nome da cultura. “A troca de experiências com os outros agentes culturais foi muito bonita, assim como foi muito importante discutirmos a criação do programa para garantir a sobrevivência das nossas tradições”, comentou Zé.