Marido procurava homens dispostos a estuprar a mulher em aplicativos de relacionamento. 51 estão sendo acusados
Aos 71 anos, Gisèle Pélicot, depôs contra 51 homens, incluindo seu marido, Dominique Pélicot. Todos são acusados de terem praticado ao menos 92 estupros qualificados contra ela. O depoimento ocorreu nessa quinta-feira (5). O caso ocorreu na França e está sendo julgado pelo tribunal criminal de Avignon, no sul do país.
Casados há cerca de 50 anos, entre 2011 e 2020, o marido de Gisèle, usou um site de encontros para entrar em contato com homens dispostos a ter relações sexuais com ela, enquanto estivesse inconsciente. Comprimidos de lorazepam, medicamento utilizado no tratamento de ansiedade, eram misturados na comida de Gisèle.
Dominique Pèlicot foi preso em 2020, após ser flagrado filmando embaixo de saias de clientes de um shopping center e foi então que a investigação começou. Durante buscas, investigadores encontraram cerca de 4 mil fotos de Gisèle em aparelhos eletrônicos. Nas imagens, a mulher estava claramente inconsciente enquanto era estuprada por vários homens diferentes e, às vezes, ao mesmo tempo.
Como Gisèle descobriu que era estuprada
Em novembro de 2020, a francesa foi chamada na delegacia. A princípio, ela imaginou que havia sido convocada por conta do caso do marido, mas a idosa foi questionada se tinha uma sexualidade “normal” ou se era adepta ao swing. “Respondi que não. Apenas um homem poderia me tocar, Dominique Pélicot. Eu só conseguia suportar as mãos dele no meu corpo”, declarou surpresa.
Segundo ela, o policial avisou que mostraria imagens surpreendentes e estende para ela uma foto onde está sendo estuprada por um homem. “Eu não reconheço as pessoas na foto, nem o homem, nem a mulher”, lembrou Gisèle no tribunal.
Gisèle afirma que o policial continuou insistindo, mostrando outras fotos e, em estado de choque, ela se deu conta do que havia acontecido: “Estou vestida de uma maneira que não se parece comigo”, afirmou. E foi assim que ela descobriu que era vítima de violência sexual há cerca de 9 anos.
Além do trauma, a mulher teve de deixar sua casa e a cidade onde morava por orientação dos policiais. Isso porque os homens que a estupraram sabiam onde ela morava. Dos que aparecem nas imagens, ela reconhece apenas um, que um dia foi à sua casa e conversou sobre ciclismo com o marido. “Às vezes, eu o encontrava na padaria e o cumprimentava. Não passava pela minha cabeça que ele tinha me estuprado”, explicou.