Andrea Calado da Cruz atua no TJPE e sofreu representação feita pela Subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Vitória de Santo Antão, em 2014
A juíza do Tribunal de Justiça de Pernambuco Andrea Calado Cruz, responsável por decretar a prisão do cantor Gusttavo Lima, nesta segunda-feira (23), já foi acusada de manipular, sem autorização legal, a distribuição de processos criminais originados de inquéritos policiais. A Subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Vitória de Santo Antão (PE), comarca na qual ela atuava, entrou com uma representação contra a magistrada, em janeiro de 2014.
Em nota publicada no site da OAB-PE na época, o então presidente da entidade no município Washington Luís Macêdo de Amorim afirmou que a distribuição de processos entre as duas varas instaladas na cidade deveria ser feita por sorteio e "não da forma impositiva que a juíza Andrea Calado da Cruz vem determinando, sem amparo legal."
Uma funcionária da justiça teria se negado a fazer a distribuição dirigida para a juíza, com base em orientação do juiz diretor do foro, "mas foi coagida moralmente pela magistrada a proceder de forma irregular", prossegue o texto.
"Após despachar uma prisão processual no mesmo processo, ao verificar uma arguição de sua suspeição nos autos, a juíza teria ainda determinado a lavratura de uma certidão falsa, dando inverídica informação de que o sistema de distribuição forense estava fora do ar no momento do aforamento do inquérito", afirma a nota.
Também citado no texto, o então presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Reynaldo Alves, disse que a postura da juíza era "incompatível com a dignidade da magistratura, bem como fere os princípios constitucionais da moralidade e da legalidade."
A juíza nega as acusações, afirma sempre ter atuado de forma independente e convicta e ser natural que, no exercício da profissão ao longo dos seus 21 anos de magistratura, as decisões desagradem criminosos e aqueles que não respeitam o estado de Direito.
Gusttavo Lima é alvo da mesma operação que prendeu Deolane
O pedido de prisão de Gusttavo Lima ocorre no âmbito da operação Integration que apura um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo cassinos online e casas de jogo do bicho. A investigação é a mesma que mandou prender a influenciadora e advogada Deolane Bezerra e a mãe dela, em 4 de setembro. De acordo com a Polícia Federal (PF), investigados pela operação utilizaram carros, imóveis e contratos de publicidade para lavar o dinheiro, em uma movimentação de mais de R$ 3 bilhões