Já não é de hoje que a cultura popular vem sendo cada vez mais preenchida com temas, estética e uma moral que valorizam o ridículo. Há algum tempo, as pessoas tinham vergonha de ser e parecer ridículas e rasas. Já nos dias atuais, o vazio é o que há, é o tema predominante e preponderante das mais variadas formas de arte.
Músicas que não dizem nada, arte tão abstrata que chega a ser abjeta, filmes e séries cada vez mais triviais e sem profundidade. A cultura no mundo, mas em especial no Brasil tem, cada vez mais, se assemelhado a uma poça: na superfície límpida e insípida, no seu profundo, lamacenta e em certas o acasiões, nojenta.
Lógico que esse fenômeno não se restringe apenas ao nosso país, paupérrimo e sofrido por inúmeras questões, mas abrange o globo, que sofre como que em dores de parto pela falta de beleza. E não se apegue ao termo beleza como perfeição ou estética aprazível, mas sim como um conceito mais obscuro e que é até mesmo volátil, mas não tão abrangente ao ponto de considerar um mictório como algo belo, ou então uma banana podre no chão de um salão uma obra-prima.
Lembro da frase de Dostoiewski que li certa vez: "A beleza salvará o mundo". Essa salvação não vem da beleza em si, como elemento mágico ou miraculoso, mas da sua ação na alma humana e na capacidade de assemelhar e buscar aquilo que é belo e rechaçar e se afastar daquilo que é feio e mal.
O efeito da deturpação da beleza vai além da falta de senso estético ou do apreço pelo nada. Atinge a capacidade de abstração, imaginação, contemplação e transcendência - não aquela religiosa, mas a humana e pura que ascende o ser humano de um patamar animalesco ao nível de co-criador da beleza.
É preciso voltar a valorizar o que é belo, destacar o que é perene e contribui para a vida humana. Sem isso seguimos vagando, como que vendados, em uma manhã iluminada pelo sol sem conseguirmos contemplar a real beleza que há.
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