Há quem pense que com o passar dos anos a sexualidade vai perdendo a cor, o brilho, a razão de ser. Que depois de certa idade, o desejo se aposenta, o corpo adormece e o amor vira lembrança. Uma ideia antiga, limitada, quase cruel — como se o tempo levasse embora o que temos de mais vital: a capacidade de sentir.
Mas a maturidade não apaga a sexualidade. Ao contrário, ela a refina.
Depois dos 50, 60, 70 ou mais, o toque ganha outro significado. O prazer desacelera — não por ausência, mas por presença. A pressa cede lugar à descoberta, à conversa que antecede o beijo, ao afeto que aquece a pele antes mesmo de qualquer contato. Não há mais urgência em provar nada. Há liberdade para viver o que realmente importa.
A longevidade nos oferece o luxo da verdade: já não há tanto espaço para máscaras, para performances, para relações vazias. O corpo pode já não responder como antes, mas ele ensina outras formas de conexão. A pele ainda arrepia. Os olhos ainda buscam. O coração… ah, o coração continua sabendo o caminho.
A sexualidade madura é feita de olhares que se entendem, mãos que se respeitam, silêncios que confortam. É o amor vivido sem culpa, sem pressa e, muitas vezes, com muito mais entrega do que na juventude. Porque agora, mais do que nunca, a mulher ou o homem maduro sabe: não se trata só de sexo. Trata-se de vínculo, de presença, de escuta, de intimidade.
É tempo de cuidar do corpo, sim — mas também de honrar os afetos, os desejos, os recomeços. De celebrar a possibilidade de amar outra vez, ou ainda. Porque envelhecer não é fim de nada — é reinvenção. E a sexualidade, quando acolhida na maturidade, é uma das formas mais belas de continuar vivo.
Longevidade e prazer não se excluem. Se abraçam.
Porque o tempo pode mudar o corpo, mas nunca muda a essência.
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Sexóloga
Sexóloga, especialista em relacionamentos, professora de artes sensuais, ativista no combate à violência doméstica, colunista social e comunicadora de tv e rádio.