Ser mulher é viver em meio a campos de batalhas silenciosas, onde o eco das nossas conquistas raramente atinge o mundo da mesma forma que os desafios que enfrentamos. Desde cedo, crescemos aprendendo, mesmo sem palavras, que existe um preço alto pelo simples fato de termos nascido mulheres. É como se uma fatura nos fosse entregue ao nascer, um contrato invisível que diz que precisamos nos provar incessantemente, ainda que, por vezes, nos falte o direito ao erro.
Acordamos cedo e nos preparamos para mais um dia, não apenas para as responsabilidades que temos, mas para as camadas de julgamentos, expectativas e limites impostos por outros. Ainda assim, nos lançamos no mundo, tentando abrir caminho entre olhares que subestimam ou desconsideram, que nos colocam em caixinhas ou sugerem que “aqui você não pertence”. Sabemos bem o peso de sorrisos forçados e de silêncios necessários para garantir nossa sobrevivência nos espaços que insistimos em ocupar.
Quantas vezes temos que ser fortes quando só queremos desmoronar, quando a fragilidade bate e nos sufocamos por não podermos demonstrar o cansaço? Carregamos um coração cheio de sonhos e medos, mas também uma determinação que transcende qualquer limite. Cada pequena vitória, cada “não” que transformamos em uma possibilidade, cada barreira que quebramos, deixa uma marca, invisível talvez, mas indelével.
Ser mulher é um exercício constante de resistência. É não se acomodar nos papéis que a sociedade tenta nos atribuir, é romper o silêncio e desafiar o esperado. É chorar de frustração por não poder ser apenas o que se quer ser, é sorrir de alívio ao perceber que não estamos sozinhas, que outras tantas caminham conosco, costurando juntas uma rede de apoio, ainda que silenciosa.
É um preço alto, sim. É o cansaço de quem muitas vezes está à frente, mas ainda invisível. É a ousadia de falar o que muitos preferem não ouvir. É o amor-próprio que cultivamos com cuidado, entre feridas que o tempo, aos poucos, ajuda a curar.
Somos sobreviventes de uma guerra diária, onde nossa maior vitória não é vencer os outros, mas permanecer inteiras, fieis ao que somos e ao que desejamos. E se há um preço em ser mulher, que este seja o de deixar um legado que inspire as próximas gerações, mostrando que vale a pena, que por mais difícil que seja, a jornada é nossa, e o destino também será.
✍????Sibéle Cristina Garcia
Encorajadora da Liberdade Feminina
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Sexóloga
Sexóloga, especialista em relacionamentos, professora de artes sensuais, ativista no combate à violência doméstica, colunista social e comunicadora de tv e rádio.