A traição carrega em si um peso que vai além do ato em si. Ela é mais do que uma simples quebra de confiança; é a semente de algo que se germina por baixo da superfície, algo que, por mais que tentemos disfarçar, acaba sempre surgindo, como uma verdade inevitável. E o que muitos não percebem é que, quando o começo de um relacionamento se dá a partir de uma traição, ele já nasce com uma falha estrutural. Como uma casa erguida sobre um terreno instável, a relação estará sempre em risco de desmoronar.
No início, há uma ilusão de novidade, de adrenalina, e até de algum tipo de empolgação momentânea. A traição não traz consigo apenas a dor da descoberta, mas o impulso de um desejo que não foi satisfeitos em outros lugares, em outros momentos. Mas, logo, essa emoção começa a perder seu encanto. Porque quando uma relação começa na mentira, é a mentira que a alimenta. A base está quebrada desde o primeiro passo.
Em algum lugar, de maneira silenciosa, a consciência começa a se fazer presente. O que um dia foi motivo de excitação e paixão agora se torna uma espiral de insegurança, desconfiança e ciúmes. Se houve uma traição antes, a possibilidade de outra se torna uma sombra constante. O medo de que a mentira se repita, o temor de que a lealdade seja apenas uma palavra sem significado, começa a corroer o que antes parecia sólido. O espelho da relação reflete cada erro e cada falha, e a culpa que se escondeu por um tempo começa a se manifestar de maneira ainda mais visceral.
Quando um relacionamento começa a partir de uma traição, ele nunca se cura completamente dessa ferida. Ele pode até parecer sólido por algum tempo, mas o que é construído sobre a insegurança nunca será verdadeiramente seguro. Porque, no fundo, sempre se sabe: o que se fez a alguém pode ser feito de volta. E, como uma profecia, isso geralmente acontece. O ciclo da traição se fecha, e o que começou em uma mentira termina em outra.
É um ciclo que não respeita as promessas feitas, os juramentos de amor eterno ou as palavras doces que, por um tempo, pareceram sinceras. Ele traz a sensação de que, no fundo, nunca foi real. Que o que existiu foi apenas uma sombra do que poderia ter sido, um reflexo de uma verdade distorcida.
Por mais que o tempo passe, a ferida da traição não se cura com palavras ou com o simples desejo de recomeçar. Ela precisa ser tratada com verdade, e para isso, é necessário olhar para a origem do erro e entender que, quando o começo é marcado pela mentira, a própria essência do relacionamento se torna falsa.
Então, sim, todo relacionamento que começa a partir de uma traição termina da mesma forma. Não porque o amor não tenha sido real, mas porque a mentira foi o alicerce, e tudo o que é construído sobre ela, cedo ou tarde, desmorona. O que resta, então, é aprender a lição de que um amor genuíno nunca começa no silêncio da deslealdade, mas na confiança mútua e no respeito profundo.
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Sexóloga
Sexóloga, especialista em relacionamentos, professora de artes sensuais, ativista no combate à violência doméstica, colunista social e comunicadora de tv e rádio.