Uma mulher passou 15 anos com uma gaze esquecida dentro do abdome, após uma cesariana em Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina. A vítima entrou com ação na Justiça, que decidiu de forma unânime que ela deverá receber R$ 40 mil por danos morais. Durante todos esses anos, a mulher alegou ter convivido com “dores insuportáveis”. Além disso, ela precisou de reinternação hospitalar para retirada do corpo estranho.

Em primeira instância, o pedido de indenização havia sido julgado improcedente pela ausência de relação entre a presença do corpo estranho e a cirurgia realizada para conter hemorragia após uma cesariana. Porém, ao analisar as circunstâncias do caso e reportar trechos de laudo apresentado em juízo por perito-médico, a relatora reporta que o expert “destacou que não restou comprovado, de forma efetiva, em qual cirurgia foi ‘deixada’ a gaze no interior do corpo da paciente”.

No entanto, prossegue a relatora, “da análise de todo o conjunto probatório, pode-se constatar que existe uma enorme probabilidade de que o Hospital Santa Cruz de Canoinhas foi o responsável pelo esquecimento da gaze”, aponta. Além disso, “é indubitável o dano moral sofrido pela apelante, em decorrência do fato de que o esquecimento da gaze na sua região abdominal, colocando a vida em risco, além dos incômodos decorrentes do longo período de seu resguardo em que permaneceu com o corpo estranho (15 anos), configura os danos morais, passíveis de reparação financeira”, finaliza o voto.

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