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SEGURANÇA

Após morte de bebê, mulher denuncia maternidade por violência obstétrica. Mãe atribui morte a lesão no pescoço

A mãe detalhou que a médica estava com a luva rasgada e, logo após retirar a criança, a entregou para outros profissionais e saiu correndo da sala. Ela acredita que o pescoço do bebê teria sido perfurado pela unha da médica

Salvador - BA, 10/11/2024 15h00 | Atualizada em 10/11/2024 15h06 | Por: Redação | Fonte: G1

Uma família denunciou a maternidade estadual Albert Sabin, em Salvador, por violência obstétrica, após um bebê morrer durante o parto. A mãe atribui a morte da criança a uma lesão no pescoço supostamente feita pela profissional que puxou o bebê para fora da vagina. O caso aconteceu em 31 de outubro e é investigado pela Polícia Civil.

Liliane Ribeiro detalhou uma série de violências durante sua passagem pela maternidade: ela teria sido obrigada a passar por um parto normal, mesmo com recomendação de cesárea; foi destratada pela equipe; e abandonada pela médica antes da finalização do parto.

"Ela não teve nem amor ao próximo, ela saiu e deixou minha filha à mercê da morte, isso não se faz", desabafou. Em entrevista a TV Bahia, Liliane contou que fez o pré-natal em duas unidades diferentes: uma pública e outra privada, justamente para que a filha Anabelly tivesse o melhor acompanhamento possível. A bebê estava saudável e não apresentava nenhum motivo de preocupação, segundo a mãe.

A única observação que foi dada para Liliane, na unidade particular, era que a bebê era muito grande e por isso seria mais seguro que o parto fosse cesárea. Na quarta-feira (30), a bolsa rompeu e ela deu entrada na maternidade Albert Sabin. Na ocasião, a bebê estava com 31 semanas de vida. Mesmo com a bolsa rompida e com o líquido escorrendo pela perna, a mãe conta que esperou 40 minutos para ser atendida.

"A médica que fez meu pré-natal disse que quando chegasse lá, eu deveria ter cuidado em como falar, não gritar, porque eles [funcionários da maternidade estadual] destratam as pessoas que reclamam", disse. Liliane dormiu na maternidade e apenas no dia seguinte teve mais informações sobre o estado de saúde dela e da filha.

Ela foi medicada para ter contrações e induzir o parto; sua única opção seria o parto normal, independente da orientação da médica que a acompanhou durante a gestação. Na sala de parto, Liliane contou que a equipe a mandou fazer força, pois ela seria "rasgada até o talo". Em determinado momento, o funcionário também pediu que ela "parasse de presepada". Quando a cabeça da criança saiu, a médica precisou fazer uma manobra para retirá-la.

"Meu marido viu que tinha alguma coisa errada", contou.

Liliane detalhou que a médica responsável pelo parto estava com a luva rasgada e, logo após retirar a criança, a entregou para outros profissionais e saiu correndo da sala. Segundo a mãe, o pescoço do bebê teria sido perfurado pela unha da médica. Logo depois, a menina passou por uma massagem cardíaca e o óbito foi constatado. A explicação dada pelo hospital para a família foi de que a criança nasceu morta.

"Como minha filha saiu de mim morta se antes de entrar na sala de parto ela estava viva? Se eu senti ela mexer? Se a médica mostrou para meu marido a cabecinha dela mexendo? Se eles tentaram reanimar? Minha filha não estava morta", questionou a mãe. Liliane e o marido rejeitaram a informação da filha ter nascido morta, registraram ocorrência na delegacia e pediram que o bebê fosse levado para o Instituto Médico Legal (IML) para passar por uma necropsia.

A investigação está em curso e só deve ser concluída em 30 dias. O caso também é investigado pela Polícia Civil. Em nota, a instituição disse que a 13ª Delegacia Territorial (DT/Cajazeiras) busca esclarecer os fatos com a realização de oitivas e o resultado da perícia. Abaixo a nota emitia pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia:

"A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) manifesta profunda consternação diante do incidente ocorrido na maternidade Albert Sabin. Reiteramos que nossa prioridade é a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, incluindo pacientes, familiares e profissionais de saúde.

Esclarecemos que, após a ocorrência de um desfecho infeliz durante o procedimento obstétrico, todas as medidas de apoio e acolhimento à família foram imediatamente tomadas, em respeito à dor enfrentada neste momento delicado.

Ressaltamos ainda que uma sindicância será rigorosamente conduzida para apurar com transparência as circunstâncias do óbito, respeitando os direitos dos envolvidos e mantendo o compromisso com a ética e a excelência no atendimento.

Além disso, é inadmissível que qualquer profissional da área seja submetido a atos de violência enquanto cumpre seu dever de cuidado e assistência, e reforçamos que esse tipo de conduta jamais será tolerado em nossas unidades. Nossas equipes de saúde seguem empenhadas em oferecer o melhor cuidado possível, reafirmando a importância do diálogo e do respeito mútuo para enfrentarmos com solidariedade situações tão difíceis".

Depois, em nova nota, a secretaria defendeu a atuação de seus profissionais. Veja o texto:

"Todos os profissionais da Maternidade Albert Sabin são orientados a dar um tratamento digno a todos as pacientes. As condutas devem ser pautadas por um bom acolhimento e melhor assistência.

A Secretaria da Saúde do Estado tem investido constantemente em todas as unidades para qualificar os espaços. A Maternidade Albert Sabin passou por diversas reformas. Na última foi ampliada e ganhou um centro de parto normal UTI infantil".

 

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