Instituições como Fiesc admitem impactos como perda de competitividade a produtos de SC, que têm EUA como maior mercado internacional
O anúncio do “tarifaço” dos Estados Unidos contra produtos brasileiros gerou reações de entidades e do setor econômico de Santa Catarina. O Estado tem o mercado norte-americano como o maior comprador dos produtos exportados, com 1,7 bilhão de dólares em vendas registrados ao longo de 2024. O país responde por mais de 14% das vendas catarinenses ao exterior. Setores como o de produtos de madeira e motores elétricos são alguns dos mais expostos aos impactos com a tarifa de 50%, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump para a partir de agosto.
A medida do governo Trump gerou uma onda de manifestações nesta quinta-feira no Estado. O governo de SC divulgou nota admitindo possíveis impactos à economia estadual e sugerindo que “é hora de agir com diplomacia e assertividade”. O Estado reconhece que SC tem papel estratégico na relação comercial com os EUA: “qualquer barreira imposta aos nossos produtos afeta diretamente empresas, empregos e a competitividade da nossa economia”.
O governador Jorginho Mello não se manifestou pessoalmente sobre o caso até o momento.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o aumento da tarifa possa impactar a competitividade de cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA. O presidente Associação Intersindical Patronal de Itajaí, Gustavo Bernardi, afirmou que a medida pode afetar até 10 mil empregos no Estado.
A Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC) também divulgou nota sobre a tarifa de 50% anunciada para produtos brasileiros. Para a entidade, a medida representa uma séria ameaça à pauta exportadora de SC e compromete diretamente a competitividade dos nossos produtos. “As consequências de uma medida dessa magnitude incluem a redução da atividade econômica, a perda de empregos e impactos sociais que podem se estender por toda a cadeia produtiva catarinense”, aponta.
Em razão disso, a Fecomércio cobra na nota “maturidade institucional” para atuação na esfera diplomática com negociação com os Estados Unidos e “evitar prejuízos que, neste momento, ainda são incalculáveis para Santa Catarina e para o Brasil”.
Um dos setores com maior volume de exportação aos Estados Unidos é o de produção de móveis de madeira. O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul (Sindusmobil), afirmou em vídeo ver com “profunda preocupação” o anúncio de Trump sobre o tarifaço. Ele lembra que os Estados Unidos respondem por mais de 54% da produção exportada pelas indústrias da região Norte de SC. Segundo o dirigente, a tarifa compromete seriamente a competitividade dos produtos feitos na região e pode afetar empregos e investimentos. “O Sindusmobil considera essa medida injustificada, desproporcional e prejudicial ao comércio bilateral historicamente pautado por confiança mútua, qualidade industrial e geração de valor para ambos os países”, sustentou.