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Tremor, rachaduras e cavernas subterrâneas: os bairros afundados de Maceió pela mineração da Braskem

Mais de 14 mil imóveis foram condenados no Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol. Afundamento do solo provocado pela extração de sal-gema obrigou cerca de 55 mil pessoas a abandonarem seus imóveis

Maceió - AL, 30/11/2023 22h17 | Por: Redação | Fonte: g1

O acordo assinado pela Prefeitura de Maceió e a Braskem nessa sexta-feira (21) determina que a empresa indenize o Município em R$ 1,7 bilhão pelo afundamento do solo provocado por décadas de mineração na capital alagoana.

A Prefeitura disse que vai usar o dinheiro da indenização para investir em obras na cidade, além de criar um "fundo de amparo" para auxiliar moradores dos bairros afundados.

Nesta reportagem, o g1 mostra quais são os bairros afundados de Maceió pela mineração da Braskem e os problemas decorrentes.

 

O que são bairros afundados ?

O lento processo de afundamento do solo abre rachaduras em ruas, prédios e casas, obrigando cerca de 55 mil pessoas a abandonarem suas residências e seus negócios. Mais de 14 mil imóveis foram condenados em cinco bairros de Maceió: Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol.

 

Quando o processo de afundamento começou?

As primeiras rachaduras surgiram no bairro do Pinheiro, após fortes chuvas em fevereiro de 2018. Ainda eram poucas, mas elas aumentaram quando um tremor de terra foi sentido em diversos bairros duas semanas depois, no dia 3 de março do mesmo ano. Era o início de um vasto trabalho de investigação e de um drama para milhares de famílias.

Em maio de 2019, a petroquímica multinacional interrompeu a mineração e paralisou a operação da fábrica de cloro-soda na cidade. Nessa época, as rachaduras já tinham atingido bairros vizinhos: Mutange, Bebedouro e Bom Parto. A fábrica voltou a operar em fevereiro de 2021, mas com sal importado do Chile.

Atualmente, mas em menor escala, a instabilidade também já afeta alguns imóveis no Farol, 5º bairro incluído oficialmente no monitoramento dos órgãos de segurança. A área atingida neste bairro é pequena, mas obrigou o único hospital psiquiátrico público de Alagoas a mudar de endereço.

Somente um ano depois das primeiras rachaduras foi confirmado pelas equipes do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão ligado ao governo federal, que a extração de sal-gema feita pela Braskem na região onde existiam falhas geológicas provocaram a instabilidade no solo. As rachaduras vistas nas ruas e nos imóveis são reflexo dessa movimentação.

O que é o sal-gema?

 

É um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. Segundo o relatório do CRPM, a exploração de sal-gema, feita de forma inadequada, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam nos bairros, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras.

Ainda existem pessoas morando nos bairros afetados?

 

Sim. Alguns moradores ainda resistem, à espera de indenizações que consideram justas.

Há também os moradores que permanecem nos bairros afetados pelo afundamento porque são de áreas sem indicação de realocação. Eles sofrem com o processo de ilhamento socioeconômico, que é o esvaziamento no entorno, perdendo comércio, equipamentos públicos e força econômica, mas não não têm direito à indenização.

 

O que vai acontecer agora?

 

A tragédia urbana em curso transforma áreas inteiras em bairros fantasmas, um problema que ainda está longe do fim, já que o solo continua afundando lentamente. "10 anos é o tempo médio necessário à estabilização. Poderá ser mais ou um pouco menos", avalia o pesquisador e especialista em geotécnica e geologia, Abel Galindo Marques.

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