Falar de sexo ainda é um desafio para muita gente. Falar de dificuldades sexuais, então, é quase um tabu dentro do tabu. Mas é preciso. Porque por trás de silêncios constrangedores e sorrisos forçados, mora um sofrimento que, muitas vezes, não tem com quem conversar.
A ejaculação precoce é isso: o corpo que se antecipa quando a mente ainda quer ficar. É o desejo que existe, a vontade que pulsa, a conexão que tenta se construir — mas o tempo biológico escorrega pelos dedos antes que a experiência se complete. E, junto com a frustração, vêm o medo, a vergonha, a cobrança e a solidão.
A sociedade ensinou os homens a acreditarem que “dar conta” é uma obrigação. Que o desempenho sexual define masculinidade, que prazer é resistência e que falhar é fracassar. Mas não é bem assim. O sexo é encontro, não prova de resistência. É conversa de pele, não maratona de performance.
Ejaculação precoce não é falta de caráter, não é desinteresse, não é descaso com a parceira ou o parceiro. É uma condição comum — mais comum do que muitos imaginam — que pode ter raízes físicas, emocionais ou comportamentais. E que, sim, tem tratamento. Tem solução. Mas para isso, é preciso tirar o tema da sombra.
É preciso trocar o julgamento pela empatia, o deboche pela compreensão, o silêncio pela escuta. É preciso que homens se sintam seguros para falar sobre o que sentem — e que mulheres saibam acolher sem humilhar. Porque a cama, antes de ser um campo de performance, deveria ser um espaço de afeto.
A ejaculação precoce não define ninguém. O que define é como lidamos com as vulnerabilidades — as nossas e as do outro. Falar sobre isso com naturalidade é sinal de maturidade. Buscar ajuda é sinal de coragem. E construir relações onde o tempo do corpo seja respeitado é sinal de amor.
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Sexóloga
Sexóloga, especialista em relacionamentos, professora de artes sensuais, ativista no combate à violência doméstica, colunista social e comunicadora de tv e rádio.